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A ansiedade financeira é um fenómeno que tem vindo a afetar um número crescente de indivíduos, especialmente num mundo onde as incertezas económicas estão em constante mudança. Em Portugal, o aumento do custo de vida, a inflação e a instabilidade no mercado de trabalho têm intensificado a preocupação com as finanças pessoais. Segundo um estudo da Associação de Defesa do Consumidor (DECO), 75% das famílias portuguesas manifestam uma preocupação constante com a sua situação financeira, um dado que revela a profundidade deste fenómeno na vida dos portugueses.
Adicionalmente, o mesmo estudo indica que 40% dos lares enfrentam dificuldades frequentes para saldar as suas despesas mensais, sendo as famílias com filhos e os trabalhadores independentes os grupos mais vulneráveis. Estes números não surpreendem, visto que, conforme o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de poupança em Portugal está entre as mais baixas da Europa, com uma média de apenas 8,3% do rendimento disponível, o que expõe muitos portugueses a imprevistos financeiros.
No entanto, é possível romper com este ciclo por meio de uma abordagem estruturada e equilibrada à gestão das finanças pessoais. Neste artigo, vamos explorar como a ansiedade financeira se manifesta e, de forma prática, como gerir o dinheiro de maneira mais saudável e eficaz.
O que é Ansiedade Financeira?
A ansiedade financeira refere-se a um estado de preocupação ou medo constante em relação ao dinheiro. Esta ansiedade pode manifestar-se em diferentes graus, desde um leve desconforto até uma sensação de pânico ao abordar questões financeiras. Ela pode surgir devido a diversas situações, como:
- Falta de poupança para emergências;
- Endividamento excessivo;
- Instabilidade no emprego ou receio de perder a fonte de rendimento;
- Expectativas de uma vida financeira futura incerta.
Embora seja normal sentir-se preocupado com o dinheiro ocasionalmente, quando essa preocupação passa a dominar os pensamentos e a interferir no bem-estar e na capacidade de tomar decisões, torna-se um problema mais grave.
A Relação entre Saúde Mental e Financeira
Estudos demonstram uma ligação direta entre a saúde mental e a saúde financeira. A falta de controlo sobre as finanças pode levar a sintomas de depressão, ansiedade e, em casos extremos, ao esgotamento emocional. De acordo com uma pesquisa da Mind Source, 62% dos portugueses afirmam que a sua saúde mental foi afetada pela situação financeira nos últimos dois anos, principalmente devido à pandemia e à inflação.
A boa notícia é que, com as ferramentas e estratégias adequadas, é possível restabelecer o controlo sobre a vida financeira, reduzindo significativamente os níveis de ansiedade.
Estratégias para Gerir a Ansiedade Financeira
Aqui estão algumas abordagens práticas para lidar com a ansiedade financeira, ajudando a cultivar uma relação mais saudável com o dinheiro:
- Criar um Orçamento Realista
O primeiro passo para reduzir a ansiedade financeira é elaborar um orçamento detalhado que reflita as suas despesas e receitas reais. Muitas vezes, a falta de clareza sobre quanto dinheiro entra e sai é uma das principais fontes de ansiedade. Ao colocar tudo no papel (ou numa aplicação de finanças), conseguirá ter uma visão mais precisa da sua situação financeira. - Liste todas as suas fontes de rendimento e despesas (fixas e variáveis).
- Defina limites para cada categoria de despesa e tente respeitá-los.
- Revise o orçamento regularmente para fazer ajustes quando necessário. Segundo a PORDATA, cerca de 28% das famílias portuguesas não têm qualquer tipo de poupança ou reserva financeira, o que aumenta a vulnerabilidade em tempos de crise. Um orçamento bem estruturado proporciona controlo e previsibilidade, fatores essenciais para reduzir a incerteza e, consequentemente, a ansiedade.
- Construir um Fundo de Emergência
Um fundo de emergência é uma das formas mais eficazes de proteger a saúde financeira contra imprevistos. Este fundo serve como uma almofada financeira para situações inesperadas, como despesas médicas ou reparações urgentes. Idealmente, deve ter pelo menos três a seis meses de despesas essenciais guardados num fundo de emergência. Para muitos portugueses, isto pode parecer difícil, dado que o salário médio ronda os 1.230 euros, segundo o INE, mas o importante é criar o hábito de poupar regularmente, mesmo que em pequenas quantias. A longo prazo, o efeito cumulativo será significativo.
- Estabelecer Objetivos Financeiros Claros
Ter objetivos financeiros bem definidos ajuda a orientar as suas decisões e a manter o foco no que realmente importa. Estes objetivos devem ser específicos, mensuráveis e alcançáveis. Divida-os em categorias de curto, médio e longo prazo, como:
- Curto prazo: Pagar uma dívida de cartão de crédito ou economizar para uma pequena viagem.
- Médio prazo: Comprar um carro ou começar a poupar para a entrada de uma casa.
- Longo prazo: Garantir a sua reforma ou financiar a educação dos seus filhos. Ter objetivos concretos torna o processo de gestão do dinheiro mais tangível e menos assustador, reduzindo, assim, a ansiedade.
- Evitar Dívidas Desnecessárias
Embora nem sempre seja possível evitar todas as dívidas, é fundamental reconhecer a diferença entre boas dívidas (como um empréstimo para educação ou a compra de uma casa) e más dívidas (cartões de crédito com juros elevados, por exemplo). O objetivo deve ser minimizar as más dívidas e, se possível, evitá-las completamente. De acordo com dados do Banco de Portugal, o endividamento das famílias portuguesas atingiu 135% do rendimento disponível em 2023, o que indica que muitas famílias estão a gastar mais do que ganham, acumulando dívidas que aumentam a ansiedade. Se já tem dívidas, procure maneiras de as reestruturar ou refinanciar para reduzir juros e pagamentos mensais, tornando-as mais fáceis de gerir. - Desenvolver Habilidades de Inteligência Emocional Financeira
Gerir dinheiro envolve tanto questões emocionais como racionais. A inteligência emocional financeira refere-se à capacidade de reconhecer os seus sentimentos em relação ao dinheiro e de os gerir de maneira saudável. Aqui estão algumas maneiras de aumentar essa inteligência:
- Evite decisões financeiras impulsivas, frequentemente motivadas pelo stress ou frustração.
- Pratique a paciência e a autodisciplina, aguardando por boas oportunidades para gastar ou investir o seu dinheiro.
- Reflita sobre os seus valores e prioridades para garantir que as suas decisões financeiras estão alinhadas com o que realmente importa para si.
Celebridades que ultrapassaram a ansiedade financeira
Além destes exemplos portugueses, celebridades internacionais também enfrentaram dificuldades financeiras e a ansiedade que delas decorre.
Muitos famosos portugueses têm falado abertamente sobre a sua luta contra a ansiedade, incluindo a financeira, servindo como exemplos inspiradores de superação. Aqui estão cinco celebridades portuguesas que enfrentaram desafios financeiros e partilharam as suas histórias:
Cristiano Ronaldo – Para além de ser um dos atletas mais bem pagos do mundo, ele construiu um império financeiro que vai muito além do futebol, diversificando a sua fonte de rendimentos através de negócios e investimentos.
Neymar Jr – Com uma carreira que começou no Santos e o levou a clubes gigantes como o Barcelona e o Paris Saint-Germain, Neymar é não só um dos atletas mais bem pagos, mas também uma figura popular no mundo do entretenimento e das redes sociais.
António Raminhos – O humorista foi uma das primeiras figuras públicas em Portugal a discutir a sua ansiedade e os efeitos que isso teve na sua vida pessoal e profissional. Raminhos revelou que os seus transtornos de ansiedade, que incluíam uma obsessão pelo controlo financeiro, quase o levaram ao esgotamento. Hoje, ele fala abertamente sobre as suas experiências e como conseguiu encontrar um equilíbrio (Maria.pt).
Raquel Tavares – A fadista enfrentou uma crise de saúde mental que incluiu a ansiedade financeira, especialmente no auge da sua carreira. Ela revelou que, apesar do sucesso nos palcos, sentia-se emocionalmente esgotada a ponto de considerar abandonar a carreira para cuidar de si mesma. Atualmente, Raquel é um exemplo de alguém que conseguiu superar essas dificuldades.
Pedro Granger – O ator português passou por uma pausa prolongada na sua carreira devido à ansiedade, que também tinha uma componente financeira. Ele decidiu partilhar a sua história para combater o estigma e incentivar outros a procurarem ajuda quando necessário. Granger destacou a importância de cuidar da saúde mental em momentos de instabilidade económica.
Sara Sampaio – A modelo internacional portuguesa revelou publicamente ter sofrido de depressão e ansiedade, principalmente devido à pressão e às responsabilidades financeiras associadas à sua carreira no exterior. Ela explicou como buscar ajuda profissional foi essencial para o seu bem-estar.
Carolina Deslandes – A cantora partilhou com o público os seus desafios com ataques de ansiedade, incluindo a pressão financeira relacionada com a gestão da sua carreira artística e da vida pessoal. Carolina falou sobre a importância de normalizar as conversas sobre saúde mental e sobre como a terapia a ajudou a lidar com estas questões.
Para além dos exemplos já referidos, muitos famosos de Hollywood também passaram por situações angustiantes ligadas à ansiedade financeira. Aqui estão alguns casos que exemplificam como a pressão financeira pode impactar a vida das celebridades:
Warren Buffett – Apesar de ser um dos investidores mais bem-sucedidos do mundo, Buffett lutou com a ansiedade de falar em público, o que quase o impediu de seguir a sua carreira. Superou essa barreira através de um curso de comunicação, o que o ajudou a enfrentar os seus medos e a encontrar confiança, permitindo-lhe alcançar a estabilidade financeira e doar bilhões para a caridade.
Jim Carrey – O famoso ator e comediante enfrentou uma infância marcada pela pobreza, o que o levou a abandonar a escola para ajudar a sustentar a família. Trabalhar em empregos pouco qualificados e viver num ambiente instável gerou um alto nível de ansiedade. Ele utilizou o humor como uma forma de escapar das dificuldades e transformou essa experiência numa carreira de sucesso.
Viola Davis – A atriz premiada viveu uma infância de extrema pobreza, o que lhe causou imensa ansiedade financeira ao longo da vida. Davis partilha que a sua força de vontade e esperança foram fundamentais para superar essa fase difícil, alcançando o sucesso na sua carreira e garantindo segurança financeira.
Jennifer Lopez – Antes de se tornar uma superestrela, Lopez passou por dificuldades financeiras, chegando a viver num estúdio de dança após sair de casa aos 18 anos. O seu foco e determinação ajudaram-na a superar a ansiedade provocada pela falta de recursos, levando-a a construir uma carreira de sucesso no mundo do entretenimento.
Leonardo DiCaprio – Crescendo em condições de pobreza e rodeado por drogas, DiCaprio usou a sua experiência pessoal como motivação para construir uma carreira bem-sucedida. Ele fala abertamente sobre como essas dificuldades moldaram a sua visão sobre dinheiro e segurança financeira, mantendo uma relação equilibrada com as suas finanças, apesar do sucesso.
Burt Reynolds – Nos anos 90, Reynolds enfrentou uma enorme crise financeira, acumulando uma dívida de 11 milhões de dólares devido a investimentos mal feitos e gastos excessivos. Ele acabou por declarar falência em 1996, mas conseguiu reconstruir a sua carreira ao continuar a trabalhar em filmes e televisão, superando as adversidades financeiras.
Robert Downey Jr. – Downey passou por um período de vícios e problemas financeiros que culminaram em várias prisões e num período em que esteve quase sem recursos. Contudo, ele conseguiu dar a volta por cima, reerguendo a sua carreira e finanças ao interpretar Tony Stark/Iron Man, tornando-se um dos atores mais bem pagos de Hollywood.
Essas histórias demonstram que a superação da ansiedade financeira é possível com determinação, apoio e estratégias eficazes, mesmo para aqueles que começam em condições adversas. Estes exemplos ilustram como a perseverança e o trabalho árduo podem ajudar a superar dificuldades financeiras, mesmo nas situações mais complicadas.
Políticos portugueses que enfrentaram desafios financeiros e conseguiram superar crises de ansiedade financeira ao longo das suas carreiras:
António Costa – O atual Primeiro-Ministro de Portugal passou por várias crises financeiras ao longo da sua trajetória política, especialmente durante a crise das finanças públicas e a pandemia de COVID-19. Ao lidar com o aumento das taxas de juro e a inflação, Costa implementou políticas para controlar a crise económica e ajudar a aliviar a ansiedade financeira das famílias portuguesas. Ele salientou a importância da criação de emprego e de políticas que melhorassem o rendimento das famílias, incluindo o aumento do salário mínimo e a redução das propinas universitárias.
Mário Centeno – Enquanto Ministro das Finanças, Centeno guiou Portugal através de uma fase difícil de recuperação após a crise da dívida soberana. A sua gestão das finanças públicas permitiu restaurar a confiança económica no país. Centeno enfatizou a relevância de uma gestão financeira prudente para evitar futuras crises e minimizar a ansiedade relacionada com as finanças.
Pedro Passos Coelho – Como Primeiro-Ministro durante o período da troika, Passos Coelho teve de implementar medidas de austeridade para evitar uma crise ainda mais profunda na economia portuguesa. As suas políticas foram impopulares, mas ele manteve o foco na recuperação económica, ajudando o país a sair do risco de bancarrota, um processo que muitos políticos consideraram fundamental para estabilizar as finanças pessoais e reduzir a ansiedade financeira da população.
José Sócrates – O ex-primeiro-ministro enfrentou um colapso financeiro durante o seu mandato, que resultou no pedido de ajuda externa da troika. Embora tenha sido um período de grande ansiedade económica para o país, Sócrates defendeu que as suas reformas e investimentos estruturais seriam benéficos para o crescimento a longo prazo do país.
Cavaco Silva – Enquanto Primeiro-Ministro nos anos 80 e início dos 90, Cavaco Silva lidou com crises económicas que geraram altos níveis de desemprego e inflação. As suas políticas de estabilização ajudaram a reduzir a dívida pública e a melhorar a economia, proporcionando um caminho para a recuperação financeira de Portugal.
Lara Zaha é uma arquiteta visionária inspirada pelo legado de Zaha Hadid, dedicando-se a reinterpretar a arquitetura moderna com o uso de tecnologia para torná-la financeiramente acessível. Com um enfoque em inclusão social, Lara busca democratizar o design arquitetônico, criando projetos inovadores que transformam espaços em lares funcionais e belos, acessíveis para todos, especialmente para aqueles com desafios financeiros.